Plasma rico em plaquetas: alternativa para tratar condromalácia patelar

Plasma Rico em Plaquetas é uma terapia biológica com uma concentração de fatores de reparação tecidual do sangue extraídos das plaquetas

Reportagem do site Globo Esporte

 

O joelho é uma articulação que trabalha próximo a seus limites fisiológicos. Qualquer sobrecarga mecânica, tanto por um treino esportivo, quanto pelo trabalho ou atividades do dia a dia podem desencadear quadro de dor e inchaço, às vezes de difícil controle.

Quando existe predisposição individual, fraqueza e desequilíbrio muscular, valgo dinâmico (alteração biomecânica no joelho), comum em mulheres, somado a sobrecarga mecânica do esporte ou excesso de escadas no dia a dia ou salto alto, a energia que seria dissipada pela massa muscular dos tendões passam para a articulação, desencadeando lesão. Quando atinge o tendão patelar, por exemplo, temos a tendinite patelar, mas quando atinge a cartilagem de contato entre a patela e o fêmur poderemos ter a condromalácia.

Sabe-se que essa cartilagem articular lesada tem um potencial de cicatrização muito limitado. Isso se deve às propriedades do tecido cartilaginoso que, ao contrário da maioria dos tecidos do corpo, possui pouquíssimas células (hipocelularidade), não possui vasos sanguíneos (avascularidade), é aneural, ou seja, não possui terminações nervosas e é riquíssimo em água. Consequentemente, uma vez lesada, a reação inflamatória é muito pequena e a possibilidade de reparo, quase nula.

 

Os sintomas da  condromalácia:
1. Aumento da dor durante o treino
2. Persistência da dor em atividades da vida diária
3. Inchaço no joelho
4. Dor muscular associada
5.Atrofia do músculo anterior da coxa (quadríceps).

Um grande desafio para o tratamento do esportista portador da lesão são os episódios de dor e inchaço que, muitas vezes não permitem que se progrida no fortalecimento muscular, essencial no tratamento e prevenção.

 

O tratamento de Plasma Rico em Plaquetas

Uma das alternativas de tratamento é o PRP (Plasma Rico em Plaquetas), que faz parte do conceito da terapia biológica e foi desenvolvido pela ideia de se injetar nas lesões dos atletas e pacientes em geral uma concentração de fatores de reparação tecidual do seu próprio sangue extraídos das plaquetas.

As plaquetas possuem os “fatores de regeneração tecidual”, fatores de cicatrização e crescimento celular e são o “gatilho” inicial da cicatrização de qualquer dano tecidual como, por exemplo, após um corte na pele.

O PRP foi, incialmente difundido entre odontologistas, principalmente na reconstrução de lesões extensas em mandíbulas e, há 10 anos vem sendo usado em centros ortopédicos de excelência europeus e, apesar de ser considerado experimental pela ANVISA, se tornou popular no Brasil nos últimos 5 anos.

O procedimento encontra-se em estudo e está sendo testada sua eficácia em determinadas lesões. Estudos publicados no “American Journal of Sports Medicine e The Journal of American Medical Association”, concluem que as aplicações podem ajudar nas cicatrizações de determinadas lesões como epicondilites, rupturas musculares e tendíneas, mas podem ser menos eficazes em Tendões de Aquiles degenerados, por exemplo.

O resultados destas pesquisas nos levam a crer que o PRP teria indicação como auxiliar do tratamento de lesões quando associado a algum estimulo biológico, como por exemplo, após a realização do procedimento de micro- fraturas no tratamento de lesão cartilaginosa. O PRP estaria ligado a um melhor recrutamento de células tronco provenientes da medula óssea, aumentando as chances de uma melhor cobertura fibro-cartilaginosa da lesão.

O comitê de traumatologia esportiva (www.abtd.org.br) está há muito tempo lutando pela implementação séria deste procedimento, colocando todos os pontos positivos e negativos.

Estudos recentes realizados na Espanha e Itália mostraram que o PRP, quando infiltrado em joelhos de pacientes portadores de condromalácia patelar e artrose levaram a rápido alivio de sintomas e rápido retorno ao esporte, prolongando-se por até 2 anos. Isso, especialmente em indivíduos do sexo masculino, jovens e em estágios iniciais da doença, com resultados superiores a infiltração tradicional com ácido hialurônico.

Estes estudos, no entanto, não provaram que o PRP seja um fator de modificação da doença, ou seja, não se provou que consiga curar a doença cartilaginosa, mas sem dúvida, torna-se uma ferramenta importante no alívio de sintomas para que haja reabilitação e pode, em muitos casos, prevenir uma intervenção cirúrgica.

O resultados promissores da ação da infiltração articular do PRP tem encorajado pesquisadores do mundo todo, dos quais eu me incluo e estudos futuros determinarão em breve o efeito biológico do PRP no tecido cartilaginoso e seu efeito reparador.

 

Vídeo da Reportagem:

 

Técnica do PRP:

 

Demonstração de procedimento: